Descoberta de galáxia rara pode ajudar a explicar a forma da Via Láctea

A descoberta de uma galáxia com um raro formato, descrita pela primeira vez em um artigo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, pode ajudar a astronomia a explicar a origem do formato de galáxias mais comuns, como a Via Láctea.

Arco ascendente da Via Láctea foi observado em Mauna Kea, no Havaí

Situada a 350 milhões de anos-luz da Terra, a PGC 1000714, ou Galáxia de Burcin tem o formato conhecido como Objeto de Hoag –um centro luminoso rodeado por um anel exterior sem nada que os una.

Apenas uma em cada mil galáxias possui este formato, mas este gigantesco acúmulo de estrelas, poeiras e gás é ainda mais peculiar, já que possui um segundo anel, mais próximo do centro galáctico.

O que intrigou os cientistas, e que pode trazer uma outra visão da natureza do cosmos, é a maneira como se configurou esta galáxia, que só pode ser vista a partir do Hemisfério Sul –suas imagens foram feitas no observatório de Las Campanas, no Chile.

Entre as possibilidades analisadas pelos astrônomos ligados à descoberta da rara galáxia está a hipótese de que ela se originou de um choque com outra galáxia anã. Um cruzamento entre galáxias raramente produz uma colisão. O efeito da gravidade das matérias ao atravessarem-se, no entanto, pode ter produzido o anel externo.

Via Láctea é formada por um corpo de massa e nuvens instalares
Via Láctea é formada por um corpo de massa e nuvens instalares

A compreensão deste processo de formação de galáxia poderia ser útil para os astrônomos entenderem como as galáxias com formato elíptico, como a Via Láctea, teriam se desenvolvido.

Uma simulação realizada em 2011 já apontava que o formato da Via Láctea, com seu corpo de massa e nuvens interestelares, se devia a um encontro com a galáxia anã de Sagitário.

A líder do estudo, Burcin Mutlu-Pakdil, no entanto, acredita que para que a tese sobre a formação de galáxias ocorra a partir do cruzamento com outras galáxias anãs seja, de fato útil, é preciso encontrar outros exemplos.

“O pequeno número de objetos conhecidos não proporciona conclusões definitivas sobre sua natureza, evolução e propriedades sistemáticas”, afirmou a pesquisadora ao jornal “El País”, completando que é importante “incrementar a amostra”, realizando “estudos detalhados sobre possíveis candidatos”.

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