O Mundo Multipolar – Pós Guerra Fria.

O Mundo Multipolar – Pós Guerra Fria. Pós Guerra Fria, o Mundo se depara com uma nova reorganização do seu espaço, tendo nos Estados Unidos a superpotencia mundial que dita as regras da economia e principalmente do modelo social mundial. A Transformação Social do Planeta. A Criação da União Européia e os Blocos Econômicos. As empresas Transnacionais. O superdesenvolvimentos das Tecnologias. A exclusão Social decorrente das políticas neo liberais dos paises capitalistas. O desemprego global. O MUNDO PÓS-GUERRA FRIA.post

‘QUEDA DO MURO EMOCIONA BERLIM.’

09 de Novembro de 1989 – Folha de São Paulo.
O dia 09 de novembro de 1989 mudou o panorama político de século XX. Nessa data foi destruído o símbolo concreto da divisão do mundo em dois sistemas (capitalismo e socialismo), que caracterizou o período da Guerra Fria.
A década de 1990 começou sem o mundo socialista e o modo de produção capitalista voltou a ser o único a reger a economia mundial, Antes de analisar o capitalismo dos últimos anos do século XX, é muito importante dar uma atenção especial ás mudanças ocorridas durante a Guerra Fria nos países que adotavam esse sistema.

O CAPITALISMO NA GUERRA FRIA.

Durante a Guerra Fria, apesar da ameaça de expansão do socialismo, o capitalismo se manteve em sua terceira fase – o capitalismo financeiro – nos países que adotavam esse sistema econômico. Porém muita coisa mudou no lado capitalista, veja a seguir as principais mudanças:
• Os Estados Unidos assumiram a liderança do bloco ocidental, em Bretton Woods, quando o Banco Mundial e o FMI iniciaram sai fase de dominação sobre os países subdesenvolvidos, e o dólar tornou-se a moeda forte da economia capitalista;
• Novos países surgiram com a descolonização da Ásia e da África;
• As transnacionais se espalharam pelo mundo em busca de mão-de-obra e matéria-prima baratas e de mercado consumidor. Alguns países subdesenvolvidos se industrializaram, na dependência dos países ricos;
• Na Europa Ocidental, a Comunidade Econômica Europeia preparou caminho para a sua integração total, que ocorreu nos anos de 1990, com a criação da União Europeia.
A década de 1980 assistiu ao início das transformações que culminariam com o fim do mundo socialista e antiga rivalidade dos tempos de guerra fria, no início dos anos de 1990.

NOVA ORDEM MUNDIAL – A MULTIPOLARIDADE.

Com o fim da bipolaridade, os Estados Unidos viram-se transformados na potência ‘vencedora’ da Guerra Fria e assumiram o papel da grande potência mundial. Entretanto, apesar do indiscutível poderio americano, Japão e Alemanha (hoje reunificada e integrando a União Europeia) também apareciam como polos da economia mundial, que se tornou, então MULTIPOLAR.
Essa nova situação, que o presidente norte-americano George Bush chamou de NOVA ORDEM MUNDIAL na Conferência de Malta, em 1989, na verdade não trouxe muita coisa de novo. O que deixava de existir era a velha ordem bipolar e a rivalidade entre sistemas econômicos opostos que buscavam competir usando a capacidade militar.
Com a volta do mundo (com raras exceções) ao capitalismo, que prioriza o lucro e a propriedade privada, a economia mundial passou a funcionar segundo a lógica desse sistema.
A multipolaridade, isto é, o aparecimento de novos polos econômicos, nada mudou na distribuição da riqueza do mundo. Os países ricos continuam ricos. E os pobres (ex Terceiro Mundo) continuam pobres. Sem inimigo a ser vencido, a corrida armamentista perdeu força. A busca de novas estratégias para ganhar mercados passou a ter prioridade no ordenação econômica do mundo.
Porém devemos admitir que mudanças fundamentais ocorreram nessa fase do capitalismo financeiro, que passou a ser chamado de GLOBALIZAÇÃO. Na globalização, há um crescente aumento dos fluxos de informações, mercadorias, capital, serviços e de pessoas em escala global. São as REDES, que podem materiais (transportes) ou virtuais (Internet). A integração das economias, culturas, línguas, produção e consumo, através das informações, transformaram o mundo em um ALDEIA GLOBAL.

A ECONOMIA-MUNDO.

A economia-mundo começou a dar seus primeiros passos quando as empresas transnacionais cruzaram as fronteiras das Estados nacionais, deslocando seu capital para atender, seus interesses econômicos, sempre que um lugar apresentasse maiores vantagens. Essas empresas tem filiais espalhadas pelo mundo todo, fazem aplicações, movimentam recursos, decidem sobre a produção e o comercio de seus produtos, independentemente dos governos nacionais dos países onde se instalam.
A facilidade e a rapidez de fluxos comerciais de capitais, entre os países, tornou-os extremamente dependentes uns dos outros, apesar da concorrência. Com a globalização e a economia-mundo, não se discutem apenas problemas econômicos na aldeia global.
Podemos falar, também, na mundialização de questões que devem ser resolvidas por grupos de países. Dentre elas destacam-se as questões ambientais, o aumento da pobreza, as crises econômicas, os direitos humanos, o tráfico de drogas e ações terroristas.

CONFLITO NORTE-SUL

O fim do mundo socialista não só derrubou a ordem bipolar, como fez que a antiga divisão dos países em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo não tivessem mais razão de existir. Como o Segundo Mundo que era formado pelas nações socialistas não existe mais, os países são classificados em ricos e pobres, ou desenvolvidos e subdesenvolvidos. E o mundo ficou dividido em países do NORTE (desenvolvidos) e do Sul (subdesenvolvidos ou em desenvolvimento).
Nessa nova divisão dos países do mundo, agora segundo critérios econômicos, podemos reconhecer algumas características:
• O grande contingente de colônias asiáticas, africanas e americanas (com exceção dos Estados Unidos e do Canadá) forma o bloco dos países do Sul. Apesar de terem características comuns, esses países apresentam profundas diferenças entre si;
• Alguns países se destacam na oferta de oportunidades para os investimentos da empresas transnacionais. São países desenvolvidos industrializados ou em fase de industrialização. Apesar das vantagens oferecidas, como mercado consumidor e incentivos fiscais, esses países representam grandes riscos, em virtude da constante instabilidade econômica ou política. São os chamados PAISES EMERGENTES, e o Brasil está entre eles;
• Os antigos países socialistas são chamados hoje de países de economia ‘em transição’ porque passam de uma fase de adaptação à economia de mercado. Apenas Cuba, Coreia do Norte e Vietnã ainda resistem como socialistas;
• A África Subsaariana está à margem da economia global. Seus países sofrem com conflitos tribais, fome, seca e a aids. Além disso, encontram-se na total dependência do FMI e do Banco Mundial. Diante desse estado de miséria, a África não desperta tanto interesse, nem como consumidora e nem como opção de investimento de capital especulativo.
Na nova ordem mundial, o conflito Leste- Oeste da guerra fria foi substituído pelo conflito Norte-Sul, que opõe entre si as grandes diferenças que separam a riqueza, a tecnologia e o alto nível de vida, da pobreza, da exclusão dos novos meios técnico-científicos e dos baixos níveis de vida.

A GLOBALIZAÇÃO.

O fator fundamental para que a economia globalizada pudesse existir é a grande novidade da nova ordem mundial – a revolução dos meios de transportes e das comunicações. Hoje, fatos de qualquer natureza são transmitidos no tempo real para o mundo inteiro. Podemos assistir e acompanhar acontecimentos de qualquer parte da Terra no exato momento em que estão ocorrendo seja uma corrida de Formula 1, seja um jogo de Copa do Mundo e inclusive cenas de guerra no Oriente Médio ou Iraque. É possível comprar produtos fabricados em vários países em luxuosos shopping centers, na lojinha do bairro ou mesmo na barraquinha do ambulante da esquina.

A REVOLUÇÃO TECNICO-CIENTIFICA.

O setor mais importante dessa ‘revolução’ é a indústria da informática, com o surgimento dos programas de computadores (software) e o avanço na técnica de armazenamento e processamento de informações através de redes digitais e de cabos de fibras ópticas. A informática invadiu bancos, bolsas de valores, repartições públicas, hospitais, escolas, fábricas e até mesmo nossas casas.
Nas telecomunicações, destacam-se os satélites artificiais e os telefones celulares de alcance mundial. Existe uma integração entre informática e as telecomunicações: a telemática (Internet).
Outros campos também apresentaram novidades como o da biotecnologia, que é aplicada à medicina, à agricultura e a à produção de alimentos. As palavras GENOMA (Código genético) e TRANSGÊNICOS (geneticamente modificados) já foram incorporadas ao vocabulário da mídia e das pessoas em geral.

AS EMPRESAS GLOBAIS.

Após a Segunda Guerra Mundial, as grandes empresas dos países desenvolvidos ‘invadiram’ os países subdesenvolvidos para fabricar seus produtos e aumentar ainda amais seus mercados de consumo.
Desse modo, não só fugiam dos pesados impostos e das severas leis trabalhistas de seus países de origem, mas também aproveitavam as vantagens da mão-de-obra mais baratas nas novas unidades. Como seus produtos eram feitos em vários países, ficaram conhecidas como MULTINACIONAIS. Hoje prefere-se denomina-las empresas TRANSNACIONAIS, uma vez que não são empresas de vários países, como a antiga terminologia poderia sugerir, mas empresas de um só país cuja ação ultrapassa fronteiras.
Nos anos 1980, as grandes empresas transnacionais perceberam que o modo de produção multinacional já não correspondia ao seu objetivo básico, isto é, mais lucro e aumento dos investimentos. Portanto, procuraram uma forma de aumentar esses lucros com a maior redução de custos (matéria-prima e mão-de-obra).
A empresa transnacional passou, então, a ser GLOBAL, isto é, aproveitar todas as vantagens que o espaço mundial oferece. Ela pode, por exemplo, fazer o seu projeto nos Estados Unidos, fabricar os componentes em Taiwan e montar o produto na Argentina. Uma transnacional se instala sempre em lugares onde ela encontra vantagens para que seu produto chegue ao mercado com os preços mais baixos e com lucro maior para a empresa. Na fábrica global, os processos de produção são MUNDIALIZADOS, isto é, possuem unidades de produção complementares em vários países.

GLOBALIZAÇÃO REGIONALIZADA.

Na economia-mundo, há uma grande ampliação das trocas comerciais internacionais. E por causa dessa forte interação, alguns países procuram agrupar-se para enfrentar melhor a concorrência no mercado mundial.
A formação dos Blocos Econômicos é uma regionalização dentro do espaço mundial, mas também uma forma de aumentar as relações em escala global, pois, ao participar de um bloco, um país tem acesso à vários mercados consumidores, dentro e fora do seu bloco.
Os principais blocos regionais são: A União Europeia, Mercosul, Nafta e Apec.

DESEMPREGO GLOBAL.

O ‘fantasma’ do desemprego sempre rondou os países em épocas de crise econômica. É o chamado DESEMPREGO CONJUNTURAL, em consequência do mau desempenho da economia local.
A globalização trouxe outros tipos de desempregos causados pelas modernas formas de administração para diminuir custos (desemprego estrutural) e pela substituição do homem pelas maquinas (desemprego tecnológico)

A GLOBALIZAÇÃO DAS IDEIAS.

Esse processo de integração mundial, chamado globalização não é só econômico. Ele tem ao mesmo tempo uma dimensão política, social, e cultural.
Para se estabelecer mundialmente, a grande empresa precisa da globalização cultural. O lazer, formas de vestir, as revistas, os jornais, as formas de consumo precisam ser parecidas em qualquer lugar do mundo.
O rádio e a televisão tem um papel fundamental na formação dessa cultura, pois ao mesmo tempo que divulgam músicas, filmes e informações, sugerem um padrão de vida e de consumo que deve ser seguido para alcançar a felicidade.
Daí a importância de reservar e valorizar as culturas e identidades próprias de cada país, ameaçadas desaparecer, com as fronteiras do capital do comercio mundial.

A GLOBALIZAÇÃO DO CRIME.

As atividades do crime organizado também se beneficiam das facilidades tecnológicas das comunicações do mundo globalizado
O tráfico de drogas, de mulheres, de crianças e as ‘máfias’ de várias nacionalidades (chinesa, japonesa, coreana), além da original italiana, encontram mais facilidades para expandir suas ações criminosas. O terrorismo espalha mais rapidamente suas células de ação pelo mundo também graças a essas facilidades.

O LADO TRISTE DA GLOBALIZAÇÃO.

A parte cruel da atual fase do capitalismo financeiro é a globalização da pobreza. Há uma diferença cada vez maior entre ricos e pobres, sejam pessoas, regiões ou países. Verifica-se um gradual empobrecimento da população, mesmo nos países desenvolvidos.
Podemos dizer que a mesma tecnologia que trouxe conforto e melhoria de vida para as pessoas, reduziu os postos de trabalho. A demanda de mão-de-obra qualificada aumentou e a oferta para trabalhadores sem o preparo necessário diminuiu.
Até nas competições esportivas os países vencedores refletem as desigualdades econômicas. De modo geral, quem tem os melhores desempenhos são os países ricos, como o Canadá, os Estados Unidos e as nações europeias. Os piores desempenhos são apresentados pelas nações pobres, como Tonga na Oceania; Vietnã, na Ásia; Panamá na América Central; e Djibuti, na África.
Outras características do mundo globalizado, como as migrações, os nacionalismos e os conflitos étnicos-religiosos.

PROTESTOS CONTRA A GLOBALIZAÇÃO.

A política neoliberal, as transnacionais e as desigualdades econômicas criadas pela globalização tem sido alvo de protestos em vários países do mundo. Em 2003, o Brasil sediou o Fórum Social Mundial (Porto Alegre), realizado como oposição ao Fórum Econômico Mundial (Davos), promovido pelo G-8, na Suíça, e à forma de globalização excludente defendida pelos países que formam esse grupo.
As formas de protestos da oposição envolvem violência, depredações, ataques às propriedades privas, o que certamente não leva a nenhuma conquista efetiva dos opositores. Apesar disso, está claro que uma globalização mais igualitária, com erradicação da miséria e o respeito ao meio ambiente, é o que todos pretendemos ter uma dia. Falta encontrar a formula certa para isso.

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