‘Peixe lagarto’ foi da terra para o mar, diz estudo

Um grupo de cientistas encontrou na China o primeiro fóssil de um ictiossauro anfíbio. Os ictiossauros – palavra derivada do grego que significa “peixe lagarto” – eram répteis pré-históricos aquáticos que tinham ancestrais terrestres, mas até hoje não havia fósseis que demonstrassem sua transição da terra para o mar. A descoberta, publicada na edição desta quarta-feira, 5, da revista Nature, preencheu essa lacuna evolutiva.

Um fóssil recém-descoberto de um ictiossauro anfíbio, batizado de Cartorhynchus lenticarpus, mostra que essa criatura podia ficar tanto na água quanto em terra
Um fóssil recém-descoberto de um ictiossauro anfíbio, batizado de Cartorhynchus lenticarpus, mostra que essa criatura podia ficar tanto na água quanto em terra

De acordo com o autor principal do artigo, Ryosuke Motani, da Universidade da Califórnia em Davis (Estados Unidos), o novo fóssil, de 45 centímetros, é do período triássico e tem cerca de 248 milhões de anos. A criatura foi batizada de Cartorhynchus lenticarpus.

“Alguns criacionistas questionavam a Teoria da Evolução com base no fato de não existir prova concreta da ligação entre os répteis terrestres e os ictiossauros. Agora temos essa prova incontestável”, disse Motani.

O novo fóssil, descoberto na província chinesa de Anhui, tinha nadadeiras excepcionalmente grandes e flexíveis, que não eram encontradas nos ictiossauros já conhecidos, adaptados exclusivamente à vida aquática. “Essas nadadeiras, aliadas a punhos flexíveis, provavelmente permitiam que eles se movimentassem em terra firme, rastejando de uma maneira semelhante à das focas”, disse.

A maioria dos ictiossauros, segundo Motani, tinha focinhos longos, parecidos com os bicos dos golfinhos. O ictiossauro anfíbio, no entanto, tinha um focinho curto como os dos répteis terrestres. O novo réptil tinha também um corpo com ossos mais grossos que os seus descendentes aquáticos.

O ictiossauro mais antigo de que se tem notícia viveu 248 milhões de anos atrás e tinha características como nadadeiras que lhe permitiram passar parte do tempo em terra, como se vê nesta ilustração
O ictiossauro mais antigo de que se tem notícia viveu 248 milhões de anos atrás e tinha características como nadadeiras que lhe permitiram passar parte do tempo em terra, como se vê nesta ilustração

“Provavelmente, a maior parte dos répteis que migraram da terra para o mar tinha ossos mais pesados que os dos répteis marinhos. Essa ossatura mais robusta permitia que eles nadassem para ultrapassar as fortes ondas do litoral.

Clima global
As implicações do estudo vão além da Teoria da Evolução, de acordo com Motani. O ictiossauro anfíbio viveu cerca de 4 milhões de anos depois da mais avassaladora extinção em massa da história da Terra, ocorrida há 252 milhões de anos, entre o período permiano e o triássico.

Naquele período, foram extintas cerca de 95% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres do planeta. De acordo com Motani, a ciência tem grande interesse em saber quanto tempo os animais e plantas levaram para se recuperar depois da destruição – e quais estratégias usaram.

“Aquela grande extinção em massa foi causada por um processo de aquecimento global análogo ao que ocorre hoje. Naquele contexto, muitas espécies foram extintas, mas surgiram outras, como esses ictiossauros anfíbios. Agora, temos um ponto de partida para saber quais fatores climáticos e geográficos levaram esses répteis para o mar”, afirmou.

A principal hipótese para explicar a invasão do mar pelos répteis, segundo ele, é um aumento na competição por alimento, que provavelmente era menor no mar do que nas terras adjacentes.

Um fóssil de um Metaspriggina, um peixe sem mandíbula de cerca de 60 mm de comprimento que viveu no período Cambriano — há mais de meio bilhão de anos atrás — deu origem a ilustração do animal que fornece informações precisosas aos cientistas sobre os primórdios da vida dos vertebrados na Terra. Pesquisadores afirmaram na última segunda-feria (9) ter encontrado aproximadamente cem fósseis desta espécie em montanhas rochosas canadenses, nos Estados Unidos e em outros três locais, muitos deles maravilhosamente preservados e com estruturas corporais primitivas que evoluíram para mandíbulas

Um fóssil de um Metaspriggina, um peixe sem mandíbula de cerca de 60 mm de comprimento que viveu no período Cambriano -- há mais de meio bilhão de anos atrás -- deu origem a ilustração do animal que fornece informações precisosas aos cientistas sobre os primórdios da vida dos vertebrados na Terra. Pesquisadores afirmaram na última segunda-feria (9) ter encontrado aproximadamente cem fósseis desta espécie em montanhas rochosas canadenses, nos Estados Unidos e em outros três locais, muitos deles maravilhosamente preservados e com estruturas corporais primitivas que evoluíram para mandíbulas
Um fóssil de um Metaspriggina, um peixe sem mandíbula de cerca de 60 mm de comprimento que viveu no período Cambriano — há mais de meio bilhão de anos atrás — deu origem a ilustração do animal que fornece informações precisosas aos cientistas sobre os primórdios da vida dos vertebrados na Terra. Pesquisadores afirmaram na última segunda-feria (9) ter encontrado aproximadamente cem fósseis desta espécie em montanhas rochosas canadenses, nos Estados Unidos e em outros três locais, muitos deles maravilhosamente preservados e com estruturas corporais primitivas que evoluíram para mandíbulas

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