Um terço do planeta não pode ver a Via Láctea devido à poluição luminosa

Um terço do planeta não pode ver a Via Láctea devido à poluição luminosa

Mapa permitirá estudo sobre efeito da luz sobre a saúde e o meio ambiente.
Níveis de poluição luminosa quase não são medidos, dizem cientistas.

Via Láctea registrada por astrofotógrafo em Santa Rita de Caldas, MG
Mapa permitirá estudo sobre efeito da luz sobre a saúde e o meio ambiente.
Níveis de poluição luminosa quase não são medidos, dizem cientistas.

Mais de 80% da humanidade vive sob céus repletos de luz artificial, e um terço da população mundial não consegue ver a Via Láctea, segundo um novo atlas mundial da poluição luminosa.

O mapa, publicado na sexta-feira (11) pela revista americana ScienceAdvances, permitirá estudar a iluminação artificial como um poluidor com impacto potencial sobre a saúde e o meio ambiente, explica a equipe internacional de pesquisa que elaborou o estudo.

“Este novo atlas fornece uma documentação essencial do meio ambiente noturno no momento em que a tecnologia de diodos emissores de luz (LED) se impõe cada vez mais no mundo”, explica o chefe da equipe, Falbio Falci, pesquisador do Instituto Italiano da Tecnologia e da Ciência da Poluição Luminosa.

“Os níveis luminosos da tecnologia LED e suas cores poderão, lamentavelmente, levar a uma duplicação ou a uma triplicação da luminosidade do céu à noite”, indica.

Já na Europa ocidental restam poucos lugares onde, durante a noite, o céu continua relativamente pouco contaminado pela luz artificial, sobretudo em Escócia, Suécia, Noruega e em certas partes da Espanha e da Áustria.

A poluição de luz artificial já não é somente um incomodo para os astrônomos, mas também altera profundamente a possibilidade de que as pessoas observem e admirem a abóbada celeste durante a noite.

Inclusive leves aumentos da luminosidade durante as noites sem lua afetam esta experiência, dizem os cientistas.

A poluição luminosa atrai pouco a atenção, e, diferentemente de outras poluições, seus níveis quase não são medidos, expressam os pesquisadores. Estes mesmos cientistas, incluindo Falchi, criaram em 2001 o primeiro atlas mundial da luz artificial.

Esta atualização permite ter uma maior precisão graças a novas ferramentas e à utilização de novas imagens, provenientes de satélites equipados com câmeras de alta resolução.

Desta maneira, o atlas mostra que mais de 80% do mundo e 99% dos Estados Unidos e da Europa ocidental vivem sob céus poluídos pela luz artificial.

Fotografia feita com longa exposição mostra dois meteoros cortando o céu durante a chuva de meteoros chamada de Liríadas em vista do céu de Thanlyin, Mianmar. A Via Láctea também é visível na imagem (Foto: Ye Aung Thu/AFP)
Um terço do planeta não pode ver a Via Láctea devido à poluição luminosa

Este mapa-múndi da luminosidade do céu revela que certos países, como Cingapura, experimentam níveis tão altos de poluição luminosa que seus habitantes não sabem realmente o que é uma noite escura.

Nestes lugares, a maior parte da população vive sob céus tão contaminados à noite que seus olhos não conseguem se adaptar completamente à visão noturna.

Por outro lado, o atlas mostra que os países menos afetados pela luminosidade noturna são Chade, República Centro-Africana e Madagascar, onde mais de três quartos da população vivem em lugares preservados, com noites realmente escuras.

Além de representar um problema para a astronomia, as noites com grande luz artifical afetam igualmente os animais e outros organismos noturnos, advertem os especialistas.

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